O Circuito Urbano 2025, a se realizar no Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT Campus Várzea Grande, tem por objetivo debater os contextos das cidades no estado de Mato Grosso, suas conectividades e suas inovações para os próximos anos. Além de promover o debate e estimular o pensamento crítico dos participantes e demais envolvidos, o evento busca diagnosticar todos os impactos promovidos pelo crescimento urbano nas últimas décadas e como os governantes estão se organizando para favorecer uma mudança no processo, buscando sempre a qualidade de vida da população.
Observa-se que a intensa urbanização pós-moderna, ocorrida no Brasil nas últimas cinco décadas, causou uma súbita concentração de indústrias, serviços e trabalhadores, que somado à mecanização do campo e da cidade transformou, não só o déficit habitacional, como a escassez de emprego, nos grandes problemas sociais urbanos. Sob a compreensão necessária de se pensar e se propor cidades mais sustentáveis (ou menos insustentáveis) para o futuro, uma infinidade de pesquisadores em todo o mundo tem debruçado sobre a criação ou formulação de teorias que proporcionem modos de vida e de ocupação territorial menos impactantes e mais humanizada.
No estado de Mato Grosso mais de 361 mil pessoas vivem sem acesso a uma moradia digna. O déficit habitacional alcança mais de 140 mil famílias que não têm acesso a uma habitação segura e de qualidade. Os dados são da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc-MT) que apontam ainda que os números representam 27% das pessoas inscritas no Cadastro Único. Em Cuiabá, são mais de 91 mil famílias nessa situação. O déficit habitacional vai além das famílias que não possuem um teto e abrange também moradias em situações inapropriadas, como casas improvisadas, cômodos, autoconstrução entre outras situações de precariedade.
Profissionais conhecedores dos mecanismos de gestão do espaço urbano farão uma análise do cenário com o intuito de propor caminhos para o enfrentamento das questões de participação e qualidade habitacional e urbana.
A gestão urbana tem sido palco para diversos debates, ao abordar os problemas da urbe a discussão e o apontamento de soluções, deve estar no centro deste diálogo. As cidades brasileiras vivem as consequências de uma urbanização incompleta e excludente, resultado de um planejamento urbano fortemente centralizador e conservador, que estrutura seus pressupostos na propriedade individual e absoluta, como a forma mais adequada de apropriação dos espaços, deixando de desenvolver direitos reais secundários, como a enfiteuse, que propõe uma funcionalização da propriedade, privilegiando o direito à moradia e à habitação através da proteção da posse (VIEIRA; ALVES, 2021).
A cidade sustentável é o assentamento humano constituído por uma sociedade com consciência de seu papel de agente transformador dos espaços e cuja relação não se dá pela razão natureza-objeto e sim por uma ação sinérgica entre prudência ecológica, eficiência energética e equidade socioespacial, (ROMERO, 2007).