V WORKIF - WORKSHOP DE ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E INOVAÇÃO

ISBN: 978-85-68861-01-1

USO DE BANCO DE DADOS NOSQL EM SISTEMAS DE ANÁLISE DE ENERGIA ELÉTRICA PARA SMART GRIDS

Oliveira, Ruy de; Barth, Vitor Bruno de Oliveira

Engenharias - Eixo Temático 02 - Inovação Tecnológica e Transferência de Tecnologia

Resumo: As Smart Grids utilizam modernas tecnologias de análise de informação para o desenvolvimento de um sistema elétrico automatizado confiável, sustentável e eficiente. Para isto, é necessário coletar e analisar informações acerca do estado da rede. O armazenamento destes dados é caro e limitado. Este trabalho propõe uma arquitetura alternativa para o armazenamento de informações de Smart Grids em um Banco de Dados NoSQL. Os resultados obtidos mostram que o modelo proposto supera outros métodos comumente empregados em até 90% de eficiência.

Palavras-chave: Bancos de Dados; NoSQL; Smart Grids

Introdução

As Redes Elétricas Inteligentes, também chamadas de Smart Grids (SGs), buscam solucionar tais problemas de segurança e estabilidade de Redes Elétricas Tradicionais, por meio da automatização dos serviços de distribuição de Energia Elétrica (FANG e colab., 2012). As SGs viabilizam o uso de fontes renováveis, o aumento da estabilidade da rede elétrica, e fornece informações precisas de consumo, sendo vantajoso tanto a concessionária de energia quanto ao consumidor.

            A escalabilidade dos sistemas de armazenamento de dados é fator crucial para garantir o funcionamento das SGs. Ferramentas de armazenamento e análise clássicas não são capazes de lidar, sozinhas, com o volume de dados gerado pelas Smart Grids (HE e colab., 2015).

Nesse contexto, os Bancos de Dados NoSQL estão substituindo Banco de Dados Relacionais em aplicações com grande tráfego de informações (DÍAZ e colab., 2016). Observando o desempenho de Bancos de Dados NoSQL em outras áreas (VIEIRA e colab., 2012), este trabalho propõe uma arquitetura não-relacional para o armazenamento de dados de Smart Grids.  

As demais seções deste artigo estão estruturadas como segue: na seção “Arquitetura Proposta” o modelo implementado é apresentado detalhadamente. Na seção “Resultados e Discussões” é apresentada uma comparação da arquitetura proposta com outras arquiteturas existentes. Por fim, na seção “Considerações Finais”, são apresentadas as conclusões deste trabalho.

Desenvolvimento

Arquitetura Proposta

            O conjunto de amostras realizadas por um único sensor ao longo do tempo é chamada de Série Temporal. Uma das características que difere séries temporais de outros conjuntos de dados é a necessidade de armazenar o momento em que os dados foram amostrados. Os conjuntos de amostras geradas são de extrema importância, pois podem ser utilizados para previsões, simulações, detecção de falhas, etc.

A manutenção de informações de séries temporais consiste em operações principalmente de escrita de objetos, os quais contêm o identificador da série, o identificador de tempo da amostra, e o valor amostrado.

Em um Banco de Dados Relacional, comumente utiliza-se o modelo apresentado na Figura 1a. Como em Bancos de Dados SQL o tipo de dados armazenados é limitado e a estrutura das tabelas é fixa, cada amostra precisa armazenar consigo metadados de relação e de tempo.

Figura 1 – Arquiteturas para armazenamento de séries temporais

  1. Arquitetura SQL tradicional
  1. Arquitetura NoSQL proposta

     

            Fonte: Desenvolvida pelos Autores.

 

Em contrapartida, Bancos de Dados Não-Relacionais suportam o armazenamento de dados não estruturados, permitindo assim o desenvolvimento de uma arquitetura de tabelas mais flexível. O formato proposto, apresentado na Figura 1b, armazena séries temporais com amostragem constante em blocos de tamanhos variáveis. Com isto é possível diminuir o espaço utilizado por metadados, e garantir uma melhor escalabilidade.

Apesar de ser visualmente semelhante à arquitetura SQL, a implementação do modelo NoSQL segue um curso de desenvolvimento distinto. A estrutura de dados é mantida pela aplicação, e não pelo Servidor de Banco de Dados, e pode ser alterada sem prejuízos à estrutura do Banco de Dados.

 

Resultados e Discussões

            Em uma aplicação de análise de tensão de uma rede elétrica, esta arquitetura pode ser implementada conforme descrito na Figura 2. Nesta implementação, para se otimizar o tempo de pesquisa, cada entrada possui informações temporais da amostra anterior e posterior, indicando precisamente o intervalo de tempo referente à cada bloco.

 

Figura 2 - Estrutura de dados proposta

Fonte: Desenvolvida pelos Autores.

            Como forma de verificar se a arquitetura proposta é mais eficiente que o modelo SQL tradicional, foi feita uma estimativa do crescimento de um Banco de Dados que amostra 4 sensores a uma taxa de 480 amostras por segundo, cada. A implementação SQL foi realizada no Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) MariaDB (MARIADB FOUNDATION, 2018). O modelo NoSQL foi projetado e implementado no SGBD MongoDB (MONGODB INC, 2018). Em ambas implementações, foram utilizadas chaves de 32 bits e os valores numéricos foram armazenados como inteiros sem sinal de 8 ou 10 bits. Optou-se por assinaturas de tempo com precisão de milissegundos baseada no padrão Unix, que utiliza inteiros sem sinal de 32 bits. Os resultados estão na Tabela 1.

 

Tabela  1 – Tamanho das entradas nos Bancos de Dados SQL e NoSQL

 

 

  1.  Banco de Dados SQL

Campo

Tamanho (em bits)

 

 sample_id

32

 

sensor_id

32

 

time

32

 

value

8

 

Total

104 bits

 

       

 

 

  1. Banco de Dados NoSQL

Campo

Tamanho (em bits)

 

 segment_id

32

 

sensor_id

32

 

sampling_rate

10

 

next_start

32

 

previous_end

32

 

value

8 * N

 

Total

138 + (8 * N) bits

 

       

 

Fonte: Desenvolvida pelos Autores.

 

            Um sistema composto por 4 sensores, com taxa de amostragem de 480Hz, gera 1920 amostras (N) por segundo. Em um Banco de Dados SQL, isso implicaria no armazenamento de 1920 entradas por segundo, contra apenas 240 entradas (N = 8) da proposta apresentada neste trabalho. A Figura 3a mostra a progressão estimada do tamanho do Banco de Dados para este cenário, em um ano.

 

Figura 3 – Simulação de Crescimento do Banco de Dados

 

  1. Estimativa de Crescimento do Banco de Dados
  1. Influência do Tamanho do Segmento

     

Fonte: Desenvolvida pelos Autores.

 

            A eficiência do armazenamento NoSQL é proporcional à quantidade de amostras por segmento. Quando N = 2, a taxa de crescimento é próxima da Arquitetura SQL. Para N entre 2 e 64, a taxa de crescimento decresce significativamente. Já para N > 64, não há variações significativas na proporção de crescimento. A influência do tamanho do segmento na taxa de crescimento do Banco de Dados é apresentada na Figura 3b.

Considerações Finais

Considerações Finais

O modelo proposto possui uma taxa de crescimento bem inferior à outras arquiteturas existentes, fazendo dele a opção mais adequada encontrada para o armazenamento de séries temporais. A divisão das amostras em segmentos de tamanhos variáveis facilita a redução de dimensionalidade dos dados, o que é de suma importância para a geração de previsões e outras análises estatística.

Referências

Referências

 

DÍAZ, Manuel e MARTÍN, Cristian e RUBIO, Bartolomé. State-of-the-art, challenges, and open issues in the integration of Internet of things and cloud computing. Journal of Network and Computer Applications, v. 67, p. 99–117, 2016.

EPE. Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2017. 2017.

FANG, Xi e colab. Smart Grid — The New and Improved Power Grid: A Survey. IEEE Communications Surveys & Tutorials, v. 14, n. 4, p. 944–980, 2012.

HE, X. e colab. A Big Data Architecture Design for Smart Grids Based on Random Matrix Theory. p. 1–13, 2015.

MARIADB FOUNDATION. MariaDB 10.3. 2018. Disponível em: <http://mariadb.org>. Acesso em: 26 out. 2018.

MONGODB INC. MongoDB 4.0.3. 2018. Disponível em: <http://www.mongodb.com>. Acesso em: 26 out. 2018.

SHI, Wenbo e colab. Real-Time Energy Management in Microgrids. IEEE Transactions on Smart Grid, n. August, p. 1–11, 2015.

VIEIRA, Marcos Rodrigues e colab. Bancos de Dados NoSQL: conceitos, ferramentas, linguagens e estudos de casos no contexto de Big Data. Simpósio Brasileiro de Bancos de Dados - SBBD 2012, n. 1, p. 1–30, 2012.

Agência Financiadora

FAPEMAT

Oliveira, Ruy de; Barth, Vitor Bruno de Oliveira. USO DE BANCO DE DADOS NOSQL EM SISTEMAS DE ANÁLISE DE ENERGIA ELÉTRICA PARA SMART GRIDS. In: V WORKIF - WORKSHOP DE ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E INOVAÇÃO, 2018, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - Reitoria. Anais do Workshop de Ensino, Pesquisa e Extensão do IFMT. IFMT: Cuiabá, 2018. Disponível em: < https://eventos.ifmt.edu.br/publicacao/133/ >. Acesso em: 12 Jun. 2025.

Emitido pelo Sistema em 12/06/2025 06:43:25. Pode ser consultado em endereço: https://eventos.ifmt.edu.br/publicacao/133/.